SBSR 2007...

Boas :)

Após (mais uma) longa ausência de actualizações a que, de certo, todos já se habituaram, desta vez por razões académicas e as vezes preguisosas cá estou eu de volta. Desta vez numa espécie de tentativa de crónica do dia 28 de Junho de 2007 e mais especificamente do 13º Super Bock Super Rock: e “Urra!!!!!” valeu a pena!!!! Numa palavra: hmmm... como é que se diz “não há palavras” numa palavra!? Vai ter que ser em muitas, demasiadas que pecam por escassas para descrever tal dia... preparam-se para o “post” mais longo! :D

A aventura começou cedo: seria possivel fazer um exame de manhã em Santiago de Compostela e estar ao inicio da tarde a entrar no recinto do SBSR? É pois! Se tudo e todos ajudarem, e assim foi! Marcavam as 12:55 e um comboio passava inconsciente da sua missão de levar a centenas de pessoas momentos que fazem toda uma vida valer a pena! A viagem foi surpreendentemente rápida e confortável e às 16 a Gare do Oriente encontrava-se tudo o que se pode esperar de um ambiente de expectativa ao mais alto nível que um evento deste género pode gerar, o objectivo era comum a toda a mole que se encontrava nas redondezas – chegar ao recinto do SBSR o mais rápido possivel: serviço especial da Carris (que continuou o descarregar pesado das notas nos gastos regulares de um qualquer evento deste género) mais 20 minutos e lá estavamos. Ao contrário de tudo o que ouvi dizer “a posteriori” não tive quaisquer problemas para proceder à entrada: entre as 16:30 e as 17h tudo corria com a maxima fluidez e havia bastante gente a entrar ainda no recinto. Já dentro a inevitável ronda em busca do equipamento oficial da banda favorita... claro: METALLICA!!! (e mais uma vez... o bolso aliviou de forma brusca) seguida da colossal ronda musical.

Man Eater foram a primeira banda a actuar e dadas as horas e o seu tempo de actuação perdi-os, apenas me dizem que é uma das promessas musicais do panorama metálico português: para uma próxima ficará.

More Than a Thousand... estes sim pode vê-los em grande esplendor: e é que se não soubesse que eram portugueses terias as minhas sérias dúvidas: o material era-me pouco conhecido mas mesmo assim a banda exerceu de um profissionalismo e dedicação/empenho em mostrar que mereciam um reconhecimento muito além do actual: uma actuaçao muito mas (mesmo) muito consistente fez daquele um concerto que posso definir como “o melhor possível quando pouco se conhece da banda”. Um reportório que pareceu extremamente sólido, músicas bem elaboradas impulsionadas por uma qualidade sonora do PA excelente que debitava uma descarga invejával para iniciar o dia!

Bem... esta é a parte má que de tão má acaba por ser memorável: o que se seguiu foi... como dizer... horrível: uma banda, salvo erro, norte-americana de nome Blood Brothers (nem me dou ao trabalho de confirmar ou de tentar conhecer melhor) salta de seguida para o palco empenhados em dar o seu melhor a toda a gente que esperava por ver a excelência e era por isso exigente (afinal... basta ver os nomes do resto do cartaz!). Todo o empenho, dedicação, suor e lágrimas (não desculpem... as lágrimas foram de quem assitiu) não são suficientes quando a música é simplesmente má, fraca, (eu chamei-lhe... música!? Lol my mistake): mas já chega de elogios... em verdade foram a pior banda que alguma vez vi em cima dum palco... foi doloroso mesmo: imaginem um cruzamento de guitarras exageradamente mal distorcidas, com toques electrónicos, talvez um pouco de funk, uma atitude hardcoriana ou punk (sabe-se lá...) e juntem-lhe dois vocalistas com os vocais de dois porcos (jovens) a guinchar num qualquer matadouro (aliás... talvez se os sampleassem e fizessem playback soasse melhor) – de referir que um dos porquinhos era deveras abixanado e inda por cima tentava emular uma mixtura de Mick Jagger/Freddy Mercury de forma nunca conseguida – resta saber como é que esta banda conseguiu sair do seu bairro. Seria a banda perfeita para mostra a um leigo a diferença entre metal e barulho (mesmo para barulho tinha má qualidade). Não sei o que pretendem, se é soar pesados, originais, irreverentes ou simplesmente influenciarem-se em Dilinger Escape Plan para aproveitar algum do seu sucesso... mas também esperonunca descobrir. Única mensão honrosa vai para o baterista que mostra destreza sobre o kit, pena que aproveitada de forma desastrosa. Óbviamente o público não tardou a mostrar o seu desagrado com desde assobios, virar costas, lenços brancos, palavras de ordem tudo dentro do razoavelmente possivel para um público minimamente respeitador mostrar desagrado. Haveria uma vintena de pessoas estranhamente excitadas com aquele “som” suponho que tenham sido pagas não?

Em seguida é quando “all hell breaks loose”: o cartel que se seguia era devastador.
O levantar do painel gigante a mostrar Mastodon levou a sentir uma expectativa ao mais alto nivel e quando a banda entra em palco o recinto é arrasado com uma espectacular descarga de virtuosismo, grandes músicas, espectacularidade mas acima de tudo intensidade! No meu lugar: a frente do “mosh (huge) pit” apenas encontrava espaço para respirar de forma esporádica enquanto o crowd surf era prácticamente incomportável: juro que passaram cerca de uma centena de pessoas (muitas das quais repetentes, e 3 deles pesos ultra-pesados). O concerto não teve pausas e as que houve foram curtas e incisivas, no small talk apenas directos ao assunto e é o que se quer: não era preciso interacção em forma de palavras entre público e banda uma vez que a sintonia era extrema em todos os sentidos mas a que houve foi de espanto para com tão calorosa recepção: ao que parece há muito que o público português esperava uma actuação em grande dos Mastodon e, sem dúvida, teve-a! As descargas sucederam-se e de repente, como se apenas um segundo tivesse passado surge “Blood and Thunder” a encerrar uma actuação sem desníveis, incrivelmente intensa: no final aquela sensação adoravel do “o que é que se passou aqui!?” ficou no ar quando o vocalista se despede com o, a meu parecer, sentido e sincero “Owbruigadouooo”. Pelo meio caíram clássicos ou futuros clássicos como “March Of The Fire Ants”, “Colony Of Birchmen”, “The Wolf Is Loose”, “Crystal Skull”, “Megalodon” ou a avassaladora abertura com “Iron Tusk” que abriu as hostes. O concerto só pode ser definido como incrível para os presentes e seria muito dificil qualquer banda atingir tais niveis de intensidade e regularidade artística como o que vimos naqueles quase 50 minutos e superar este momento, o preço do bilhete já tinha sido pago, com juros! É dificil escolher um ponto alto e neses casos é sempre o estrondoso inicio neste caso com “Iron Tusk” e o doloroso final com “Blood and Thunder” que ficam na memória ou o interlúdio maníaco de “Megalodon”: tudo o resto se reúne numa pilha de som inesquecível. De referir que a todo o momento mais uma vez o som acompanhou sendo todos os elmentos da banda presenteados com um som definido e claro para todos eles... e alto, claro!

Em seguida ouviu-se “Va... deixem passar as meninas pá frente” aludindo a preferência clara do público metaleiro feminino pela banda que se segue: Stone Sour tinha a dificil (impossivel?) missão de manter o nivel de intensidade establecido em Mastodon e assim quase o fizeram mais uma vez com um som perfeito para a ocasião (e é que este não parou de melhorar até aos cabeças de série em que redefiniram a perfeição em termos sonoros). Há que dizer que esta banda é uma máquina bem establecida e que não há muito espaço para novidades no set list, ou na pose dos elementos (Corey é aquele frontman que todos conhecemos e todos os outros cumpre a um bom nivel) mas felizmente neste caso não é de longe uma má noticia: arrasando com um “30/30-150” inicialmente o público já estava na mão e, com tantas baldas ou meios tempos no reportório da banda, esta opta por um espectáculo “full throttle” despejando todas as suas malhas mais pesadas e abrindo espaço a uma única, sentida, incrível e, claro coreada “Through Glass” que establece um ponto de partida para um final que se avizinhava curto e intenso com... como não? “Get Inside”. Entre outras estariam “Hell and Consequences”, “Made of Scars”, “Orchids”, “Reborn” ou a fantástica “Inhale” que fizeram vibrar um público mais que entregado a esta banda e a este frontman de elite (mais ainda que a intensidade de algumas músicas exigia obrigando a certos elementos do público, eu incluido, curtir uma intensidade um pouquinho menor uns 20 metros mais lalteralizados para poder uns laisvos de ar puro... ou impuro... mas ar). Mais uma actuação a valer toda uma jornada de chegada e a jornada de regresso que me esperaria (a seu tempo a conto). O bom sabor de boca não desapareceria até ao fim do dia, só melhoraria.

Em seguida, pequena pausa para aquelas necessidades humanas como comer ou digamos... o inverso, levaram a mais um gasto de euros de forma demasiado fluida: e mesmo passando todo o dia a agua a coisa não sai barata mas o cansaço (já) acumulado não deixavam alternativa à hidratação mais convencional do ser humano. Nesse intervalo oportunidade para dar a vistoria a todas ou a maioria de actividades ou lojas ou as famosas filas que se formaram para ingerir alimantação ou hábitos menos saudáveis como o tabaco: há que dizer em boa verdade que quanto a isso não se pode fazer muito... quando 40000 pessoas decidem que são horas de comer não se pode esperar que o consigam fazer em 2 minutos de fila (ao menos havia música de fundo para esperar). Tudo o que disse respeito à organização me pareceu deveras razoável, há espaço para melhoras obviamente, mas sempre os há!

Quando voltei ao grosso da mole humana reparei que estavam a venerar uma alienígena que veio parar ao palco: não era mais que o mestre da guitarra Joe Satriani. A seu tempo questionei-me da decisão de colocar alguém mais destinado a outro tipo de eventos que não estes ao ar livre para semelhante moldura humana: mesmo chegando a cerca de metade do concerto a dúvida desvaneceu-se: este ser além de ter (não contei bem mas pareceram-me cerca de 37 dedos) tem uma capacidade de transmitir sensações apenas com uma guitarra e de cativar um público que estaria distraído a pensar “Faltam só horas para poder Metallica, não acredito!!! Com que música irão abrir!? E fexar!? Quanto tempo? Músicas do novo album!?” mas que acabou por se deixar cativar pelo som incrivelmente limpo que saía das seis cordas de Joe: e é que este homem modula o seu instrumento da forma que qualquer grande vocalista maneja a voz, é parte dele, é parte do seu corpo e a parte que mais domina e com a qual gosta de experimentar e explorar limites enquanto além disso partilha os dotes com um público pasmado e ao mesmo tempo convertido ao seu virtuosismo. A escolha de lugar no cartaz acabou por se revelar perfeita e justificada. Os seus clássicos cairam que nem luvas com o por do sol no Parque Tejo e funcionaram como a transição perfeita para o momento sublime da noite. Pena não associar os títulos às suas músicas (confesso que tenho um conhecimento pirateado da sua discografia) para poder dizer quais foram as melhores e as minhas favoritas com segurança mas cairam músicas do seu último LP (inclusivé aquela talhada para interagir com o seu público, um dos momentos altos da actuaçao) bem como clássicos de toda a sua carreira. O som, como disse, mostrou-nos um destaque tremendo para uma guitarra que soava divinal, e mesmo para o resto da sua banda, ainda que obviamente os protagonistas foram os dedos do mestre: exemplar na hora de fazer um concerto inteiramente instrumental e manter uma energia tremenda, ao alcance de poucos e mais uma actuação de nivel estrelar.

Seguia-se cerca de 1h ou mais, pouco importava, para ver os esperados, os desejados, os triunfadores antecipados da noite e digo com certeza, de todo o festival: há que dizer que o SBSR não acabou ainda... longe disso, faltam 3 días: mas uma coisa é já certa: o 13º SBSR foram os METALLICA, e está tudo dito! A multidão condensada e envolta na noite esperava impacientemente ouvir os primeiros acordes da seminal introdução de Enio Morricone e visualizar o video que os coloca à distancia de 3 minutos surgir em palco. É dificil uma banda com o estatuto de melhor banda metal ao vivo ou mesmo de sempre, para alguns, fazer jus ao mesmo especialmente frente aos fãs que o sabem e exigem, ainda mais dificil é superar as expectativas: a música com que podiam começar seria qualquer uma, sería sempre bombástico... mas esperem! Fim da introdução... que tal “Creeping Death” soa bem não soa? E se soou como um relâmpago do cual emergem os “four horsemen”. É nesta altura que o público se apercebe que em cima do palco estão mesmo os METALLICA em toda a sua plenitude. O set list foi em algumas partes surpreendente como a inclusão temas da talha de “...And Justice for All”, “Ride the Lightning”, “Disposable Heroes”, ou “Am I Evil?” versão que não tocavam por inteiro... nem sei desde quando! Também relativa novidade terá sido não interp+retar alguma que outra nova música a incluir no novo LP e certeza de ignorar esse último St. Anger, sendo a música mais recente incluida no set list “The Memory Remains”. Os clássicos sucediam-se a uma velocidade invejável para qualquer banda do mundo e qualquer música incluida era coreada, disfrutada ao máximo por um público conquistado desde um primeiro momento: não havia hipótese, o set list impecável deu azo a que cada vez melhorasse todo o ambiente: desde moshadas às emocões à flor da pele houve de tudo e é assim que uma grande banda tem de “trabalhar” o público, não dar-lhe um pouco de cada coisa mas sim tudo de tudo, e tudo por tudo mesmo com um estatuto seguro e uma carreira a chegar aos 30 anos! A acústica entra em “Unforgiven” como um vendaval emocional, emoções essas despoletadas com “Fade To Black” e “Nothing else Matters” em que a moldura humana se sente impotente perante tal é grandeza de semelhantes canções. Já “One” traz a espectacularidade em grande com o cenário de guerra e explosões que só fazem um grande show parecer maior, se possível era, e é daqueles momentos inesquecíveis dados os contrastes que esta música provoca em todo o seu decorrer; inesquecível também a interpretação de “Orion” iniciada com um solo de baixo de um Robert Trujillo (totalmente integrado e mesmo em grande destaque todo o concerto) com a banda no patamar superior e imagens de um céu gigante por detrás enxendo o palco e os corações de todo o público quando terminada com um “God Bless Cliff Burton” sentido de James Hetfield. Público esse que fez questão de mostrar que estava lá (se por acaso não se havia percebido ainda) em “The Memory Remains” e especialmente em “Master Of Puppets”. Incansável! Estávamos frescos como acabados de xegar, não... acabados de acordar mesmo! E tínhamos se estar para aguentar uma “Enter Sandman” absolutamente incrível, pirotecnias incluídas em mais um momento magistral... Ainda “Sad but True”, “For Whom The Bell Tolls”, “The For Horseman” uma avassaladora “Battery” e mais uma seminal como “Seek and Destroy” versão “Scanning the scene in Lisbon tonight…” levaram um público à exaustão física mas nunca psicológica e a banda sentia a energía e retribuía nas doses merecidas. Acho que não deixei escapar nenhuma: todas elas com dois encores incluídos. Quanto à atitude da banda o que se sabe: o maior frontman do Mundo como o continua a ser James Hetfield, secundado por um Trujillo cada vez mais à vontade, um Lars Ulrich que interage com o público quando pode e muito de perto, comunicando, falando (e sacando mesmo alguém da multidão) e um genial e límpido solista como Kirk Hammet que maneja a guitarra como ela merece, executando os solos de forma magistral usando todo o palco. Uma banda tão habituada as grandezas de festivais e estádios e tão à vontade ao vivo e ao que parece em comunhão interna excelente que faz com que tours de este tamanho se pareçam concertos em pequenas salas em que todos nos sentimos parte integrada nele. Note-se que este é o primeiro concerto da tournée, é inacreditável que seja de tal nível e magnitude... tudo correu bem! Já tinha visto e constatado inúmeras vezes vía televisiva, video ou dvd como é grande o mundo METALLICA mas só com presenciar tal acto ao vivo se sente como é colossal o mundo METALLICAAAA!!!! Quem não presenciar nunca saberá...

O regresso... bem, o regresso foi moroso, penoso, doloroso em todos os sentidos das palavras desde uma saída apertada, mais de 1h e meia esperando o autocarro em fila interminável a mais de 3h horas esperando pela primeira linha férrea straight to Porto numa Gare do Oriente numa noite pouco mais que “fresquinha”. A multidão presente em todos os cantos possíveis e imaginários da estação envoltas num silêncio quase sepulcral apenas cortado pelos olhares cumplices de todos os presentes leva a pensar se valeu pena, mas todos sabem que se tivessem de estar alí mais 3, 6, 10, 24 horas!!! vinham igualmente sem sequer pestanejarno processo... nunca o frase “valeu a pena” fez mais sentido que na altura em que se acorda semi-afónico para ver o nascer de um novo dia num qualquer canto com vista para o Vasco da Gama e com o anúncio “O comboio Alfa com direcção Campanhã – Porto dará entrada as 6:07 na linha 1”. Inesquecível! De volta a Santiago de Compostela mais de 500 Km mais a Norte no mesmo dia onde escrevo estas linhas sabendo que nem sequer terminou a época de exames penso se não terá sido apenas um sonho passageiro... apenas um punhado de fotos e as dores no corpo me dizem que não! Em breve as dores desaparecerão... e as fotos não passam do que uma lente viu: O sentimento esse... só eu sei porque não fiquei em casa!

“Metallica is with you my friends!!” and we are with METALLICA!!! “Urraaaa!!!!” ;)

E foi a crónica possível...